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AMAZÔNIA – O romantismo das tragédias ambientais: Os efeitos catastróficos inviabilizados pela sociedade e o seu fundamentalismo religioso.

Por Palloma Pires – Jornalista e Comunicadora Popular.

Não é a primeira vez que o Estado do Acre enfrenta mais uma tragédia ambiental. Como se já não bastasse a situação em que vive o mundo por causa do novo coronavírus, regiões ricas em recursos naturais se tornam ainda mais vulneráveis aos impactos ambientais. É o caso da Amazônia brasileira. Sua riqueza natural atrai olhares do mundo inteiro, e, obviamente, será cada vez mais explorada.

Durante o verão, ocorrem chuvas intensas pelo País, em decorrência do efeito estufa, porém, é na região amazônica que os efeitos catastróficos têm causado grandes tragédias. É o desequilíbrio ambiental que vem, ano após ano, ceifando todas as formas de vida. Não é óbvio que desequilibrar o Meio Ambiente é anunciar novas tragédias? Se há vida, há um propósito em existir. Pergunto mais: “O que estamos fazendo diante de tanta catástrofe ambiental?” “Estamos esperando mais um ano passar e apenas fazendo ações emergenciais?” É nobre doar a quem precisa, contudo, não resolve o problema. É sobre isso que precisamos falar. “E o Estado? O que ele tem feito para combater o desequilíbrio ambiental?” “Quais medidas estão sendo adotadas para combater a exploração da Amazônia?” Não há respostas!

O caminho mais fácil para responder todas essas perguntas é: Não somos uma sociedade politizada. Nos ensinaram desde cedo e continuam ensinando aos nossos filhos que devemos odiar a política, sendo assim, fica mais fácil eleger quem não tem o mínimo de sensibilidade com as causas mais urgentes. A exemplo das bancadas ruralista, evangélica e da bala. As que “ditam” as regra facilitando a exploração ambiental por interesse próprio.

O problema de não termos uma sociedade politizada é que quando diante de uma tragédia, fica bem mais cômodo culpar a própria natureza, depois, colocar o desastre na conta da fé. Karl Marx, revolucionário socialista, disse que a religião é o ópio do povo e isso é bem verdade. “Vou ajudar com uma cesta básica e que Deus abençoe essas pessoas”. Um perigo social.

A fé é um sentimento nobre, que deveria contribuir no que diz respeito a realidade humana, contudo, se torna um ato de fraqueza diante do contexto geral. As pessoas se sentem protegidas e conformadas com a realidade e isso é perigoso para a sociedade que vivemos. Uma vez que somos educados para aceitar como “normal” tudo aquilo que não é, fica muito mais fácil acreditar que os problemas serão resolvidos por um ser divino, embora ninguém tenha certezas de nada sobre ele, do olhar o problema diante dos seus olhos, e, simplesmente, agir. Sendo opção, a maioria opta pelo caminho mais fácil, é claro.

Chego a conclusão de que, muitas daquelas pessoas estão ali numa tentativa de encontrar respostas, outras, estão ali para redimir os “pecados”, ou, para garantir a vida eterna por meio do assistencialismo, afinal de contas, revoluções são atos feitos por “pecadores”. Sinceramente, não deveríamos debater sobre esse tema em pleno 2021. A natureza pede ajuda de outra forma. O Meio Ambiente súplica por políticas públicas eficazes e pessoas comprometidas para fazê-lo. As tragédias não esperam.

Acontece que o mundo todo parou por causa de um vírus que surgiu por consequência do desequilíbrio ambiental, por atos irresponsáveis do ser humano que se tornou egoísta suficientemente para lutar apenas por si e não pelo bem comum.

Palloma Pires – Jornalista e Comunicadora Popular no Comitê Energia Renovável do Semiárido.

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