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Último Dia Do Fórum Do Semiárido De Energia Solar Tem Reflexões Sobre Mudanças Climáticas E Valor Da Caatinga Viva

Palestra 1- Mudanças Climáticas e impactos no semiárido - Professor Frank Wagner
Palestra 1- Mudanças Climáticas e impactos no semiárido – Professor Frank Wagner

Aconteceu nesta Quarta-feira (17), no auditório máster do SEBRAE-Patos, o último dia do Fórum do Semiárido de Energia Solar.

A programação começou com uma palestra do professor Frank Wagner (IFPB- Campus Sousa) sobre mudanças climáticas e impactos no semiárido. De acordo com o docente, a ação humana tem causado a intensificação do fenômeno El Niño. Este fenômeno é responsável por afetar o nordeste com a redução da quantidade de chuvas.

 “O aquecimento global  tem provocado estas mudanças drásticas no nosso regime pluviométrico que nos fizeram acender a luz amarela para que adotemos alternativas que diminuam os impactos, em especial no nosso semiárido,” disse.

O agricultor Heleno Bento residente no Vale do Sabugi
O agricultor Heleno Bento residente no Vale do Sabugi

Em seguida, o agricultor Heleno Bento residente no Vale do Sabugi relatou sua vivência com os efeitos das mudanças climáticas na sua localidade. Ele relata que a monocultura do algodão, praticada na região, vem contribuindo com a derrubada da mata e com o processo de desertificação.

“A gente vê a questão da chuva que hoje já não é mais suficiente para que o agricultor possa realizar sua culturas de subsistência,” afirmou o agricultor;

Depois, o assessor nacional da Cáritas, João Paulo Couto e o professor Cidoval Morais (UEPB) palestraram a respeito da luta da sociedade civil mobilizada. A discussão girou em torno do  poder que a sociedade civil possui  e dos desafios do engajamento politico na contemporaneidade.

Dando sequencia a programação, Humberto Aíres apresentou o caso da Associação Comunitária das Várzea Comprida dos Oliveiras beneficiária do Projeto Padaria Solar. O objetivo do projeto é demonstrar a inserção da tecnologia fotovoltaica em uma agroindústria comunitária, com uma metodologia centrada no ser humano, além de capacitar a população para manutenção de sistemas de energia solar e convencional. A panificadora beneficia 21 microempreendedoras e torna-se fonte de emprego e renda para a comunidade que conta com 100 famílias.

Na terceira palestra do dia, o professor Heitor Scalabrini (UFPE), explicou aos presentes os impactos causados pela instalação de parques eólicos no nordeste. As empresas que estão por trás dessas instalações, vem causando  injustiças  como a desapropriação das terras que acabam inviabilizando a sobrevivência das pequenas famílias. Há também impactos ambientais, a exemplo do uso de grandes áreas e a mortandade de aves.

“Há um conjunto de aspectos que são respeitados em outros países e não são respeitados aqui. Há uma necessidade de que as empresas respeitem as leis existentes no país e realmente levem em conta os aspectos das terras, os aspectos das aves, os aspectos das nascentes das águas,” afirmou.

Complementando as reflexões do professor Scalabrini, a estudante Camila Medeiros fez um relato acerca da implantação de parques eólicos em Santa Luzia. Segundo a discente, os camponeses estão arrendando suas terras aos empresários para a construção das centrais eólicas. Porém, as clausulas contratuais acabam impossibilitando a moradia dos agricultores.

“Eles fazem o arrendamento dessa terra para ter controle sobre a terra do agricultor e muitas vezes por contrato eles dizem que o agricultor não pode construir nada e nem plantar nada em sua propriedade,” declarou.

A programação da tarde abordou o caso exitoso do engenheiro eletricista  Bethoven Nóbrega. Ele é proprietário da N&A engenharia e contribuiu para o aumento da instalação de placas fotovoltaicas no alto-sertão paraibano.

Segundo o engenheiro, os sucessivos aumentos na conta de energia fez com que as pessoas aderissem ao uso de energias alternativas. “Além disso, a energia solar traz muitos benefícios,  não há emissão de dióxido de carbono e evita a queima de combustíveis fosseis,” disse.

Professora Ricélia Marinho levantando reflexões sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU
Professora Ricélia Marinho levantando reflexões sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU

Em outro momento do Fórum, a professora Ricélia Marinho(UFCG – Campus Pombal), falou sobre incidência política dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) junto aos municípios visando a efetivação de políticas públicas. A ODS é uma propositura da ONU com 17 metas, que tem como vislumbre até o ano de 2030, o alcance do desenvolvimento sustentável no mundo todo.

 “Se as necessidades locais começam a ser atendidas, fatalmente vamos conseguir atingir um desenvolvimento socialmente justo, ecologicamente equilibrado e economicamente viável,” explicou.

O Fórum foi finalizado com uma mesa redonda intitulada “O valor da Caatinga Viva e a Convivência com o Semiárido”. A mesa foi composta pelo representante da Ação Social Diocesana de Patos, Irenaldo Pereira de Araújo e pelo professor da UFCG – Campus Patos, Carlos Lima.  Os expositores trouxeram algumas situações de experiências que vem sendo realizadas na região sobre a perspectiva da convivência com o semiárido.

O coordenador-geral do CERSA, Cesar Nóbrega, avaliou que o III  Fórum do Semiárido de Energia Solar contribuiu para quebrar paradigmas sobre a inserção das energias renováveis  na sociedade.  “Até então a gente estava em uma situação em que as pessoas não acreditavam que isso funcionava,” disse Nóbrega.

O III Fórum do Semiárido de Energia Solar é uma realização do CERSA  em parceria com a Frente Por Uma Nova Política Energética, Rede ODS Brasil, Universidade Federal de Campina Grande, Sebrae, Programa de Ação Social de Política Pública(PASPP), Prefeitura Municipal de Patos, e Emater Regional de Patos. O evento conta com o apoio do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social; IFPB- Campus Patos; MISEREOR; Cáritas Brasileiras; PROPAC; Projeto Semiárido Solar; Germinar; Sistema de Indicadores de Sustentabilidade Ubana, Rural e Ambiental e Projeto EcoConsciente.

 

ENIO MARX – ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO DO CERSA

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